quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Misericórdia x Justiça

Em seu opúsculo “A Soberania de Deus na Salvação” *, Jonathan Edwards faz uma defesa do ato soberano de Deus em entregar a salvação a alguns e não a entregar a outros. Todo esse pensamento é traçado na defesa de tal ato sem prejuízo para a soberania ou para qualquer outro atributo de Deus.

A Misericórdia e a Justiça são comumente atacadas por pessoas que não crêem na salvação como um ato doador de Deus mediante Jesus Cristo. Parafraseando John Owen: A obra de Cristo é o meio usado para obter nossa salvação*. Não são atacadas pelo fato destas pessoas não crerem que Deus é um ser justo e misericordioso, mas sim na concepção de Ele manifesta um para o ato da salvação e o outro é “esquecido” neste momento.

Todos os atributos de Deus são partes únicas de si e que refletem uns nos outros sua completude, sem estes, Deus não é Deus. Edwards, fala: “A Soberania de Deus é Seu direito absoluto e independente de dispor-Se de todas as criaturas de acordo com Sua própria vontade.”. A misericórdia não se manifesta como misericórdia a não ser que se manifeste conjuntamente com todos os outros atributos, entre eles a Justiça divina.

O que mais me intriga é que geralmente quem crê no livre arbítrio, depende muito de uma concepção de justiça humana, ou seja, eqüitativa. Não vemos na Palavra de Deus que sua Justiça é eqüitativa. Ela é perfeita, portanto não é humana. Não podemos tentar encaixar Deus em nossas caixinhas cerebrais.

Isso claramente implica que o Senhor não depende de nada. Surpreende-me o teísmo aberto colocar mais ênfase no aspecto relacional/amoroso de Deus. É incabível pensar que Deus manifesta seus atributos de maneira inconstante e irregular. Os salvos são alvos da graça irresistível do Senhor, manifesta junto com todos os seus atributos.

Que maravilha! Sou salvo! Glórias a Deus, não a mim!

“... para Demonstração de sua justiça neste tempo presente, para que Ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”. Romanos 3.26

*Por quem Cristo morreu? – John Owen, Editora PES.

sábado, 24 de novembro de 2007

Os Males dos Estudos Teológicos


Entendo que é muito triste como o pecado cega a mente do homem. Entretanto, por que teólogos ficam tão cegos para si mesmos (no tocante a seus pecados)?
Alguns pontos podem ser ressaltados, mas quero focalizar no tratamento excessivo que eles dão para seu intelecto. Não é nada errado estudar, mas quando se estuda pra si próprio, acumulo de conhecimento, ou para provar algo para alguém essas premissas quebram totalmente a natureza do conhecimento teológico.
A teologia foi “criada” para que o homem possa chegar mais perto de Deus através de um estudo sistematizado e ordenado, com piedade e humildade. Entretanto, o risco de se tornar um vaidoso por ter em poder esse conhecimento é enorme. O homem e sua natureza caída sempre preferirá outros caminhos que não o caminho do Senhor. Tratando-se de teologia, esse caminho “mal” é encontrado na falta de piedade e humildade no estudo não só de livros, mas principalmente da palavra de Deus.
Eu mesmo me acho estudando muito mais coisas além da palavra de Deus. Se declararmos ser esta a nossa única regra de fé e prática e não a conhecemos, como apregoaremos a mudança de caráter, como pregaremos a vida em Cristo?


“... o trabalho que resulta da fé, o esforço motivado pelo amor...”. 1Ts 1.3

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A Questão dos pressupostos


Uma das questões que mais me fascina é a inspiração das escrituras. Atualmente, tenho conversado bastante com um colega que não entende que a bíblia é inerrânte. Isso serviu de mola propulsora para que eu estudasse o assunto mais afundo. Entretanto, percebi que eu bebia das fontes corretas, mas sem analisar as motivações. Pois não seria pensando em refutar os argumentos racionais deles que eu eu acharia resposta.
Antes pensemos sobre o conceito de inspiração bíblica:
· Os liberais crêem que a bíblia será revelação quando for desmitologizada; seus relatos e interpretações pressupõem dimensão sobrenatural, que, de fato é inexistente.
· Os Neo-Ortodoxos crêem que a bíblia contém a revelação feita a homens.


Qual a posição correta então? A visão puritana não enxerga as escrituras como algo racional. Até porque a própria Bíblia não se propõe ser um livro filosófico, racionalista, humanista. A bíblia é um livro realmente sobrenatural, ou seja, revelação verbal e plenária de Deus.

A fé é o grande dom de um cristão. Por que alguém que não crê na inerrância das Escrituras tem o hábito de orar, então? Essa é a questão dos pressupostos, essa é a questão fundamental, pois ter fé que a bíblia é infalível e que não é inerrante é crer na preservação pela metade. Por algum acaso meu Deus é limitado em poder para não preservar a bíblia como a temos hoje também?

Crer na inerrância é exatamente crer em Deus e não no homem. Não há argumentos que superem o próprio Criador e seu amor em orientar sua criação e filhos.
A Própria Palavra se auto afirma várias vezes como fonte de autoridade e inerrante (Sl119; IITm 3.16; IIPe 1.20,21). Se tu crês na infalibilidade das mensagens bíblicas, o que dizer dessa parte? O Senhor mentiria?


“Se a Palavra for falsificada e Deus negado, ou se for alvo de falsificação, não há esperança nenhuma para Salvação.” Martinho Lutero.

domingo, 18 de novembro de 2007

Liberalismo x Reforma

Gostaria de iniciar esse blog com uma breve reflexão sobre a condição evangélica no Brasil.
É quase uma incógnita como as pessoas conseguem ficar nervosas com a posição das outras. Recentemente eu estive na casa de um amigo e por algum motivo acabamos conversando sobre predestinação. Obviamente, eu discuti minha posição calvinista perante um tribunal arminiano que estava sem qualquer preparo teológico, mas precisamente treinado para reagir a uma posição contrária ao livre arbítrio. Por quê?
Creio que a resposta mais convincente a esta pergunta vem de um ranço muito antigo na cultura evangélica: O tradicionalismo. É evidente que se 100% dos batistas estudassem a Soteriologia, alguns não se encaminhariam para o arminianismo, entretanto somos lecionados em igrejas em que são heréticas posições contrárias a da denominação. As pessoas crêem no que lhes é passado sem o menor preparo e estudos mais aprofundados.
O tradicionalismo já destruiu e continua destruindo nações. O próprio Max Weber nos dirá que a dominação tradicional, apesar de legítima é a que menos provoca mudanças sociológicas. Onde está o lema mor da Reforma Protestante: Igreja Reformada sempre se reformando?
A teologia liberal, com seus carros chefes: Paul Tillich, Karl Barth e Dietrich Bonhoeffer, impregnaram a denominação batista. Somos fadados a escutar sempre as mesmas ladainhas filosófico-eruditas. O grande erro é que isso é agradável. A racionalidade é um presente no pós-modernismo, uma época em que nem tudo é passível de explicação e que nem tudo que não se entende é errado, o racionalismo teológico desses liberais do século XX é deveras confortável.
O relativismo entrou com portas abertas. As conseqüências são mil. O divórcio não é mais errado, comportamento sexual promíscuo é normal, o casamento com descrentes também! Nunca vi uma, uma sequer passagem das escrituras que apoiassem essas atitudes. Daí escutamos Karl Barth ecoando nos ouvidos dos pastores: “o importante é a mensagem central das escrituras, ela em si, é errante”. Essa mensagem é passada para nós assim como os falsos mestres passavam as “grandes heresias” antigamente (vide 3 João). Negue um pequeno pedaço das Escrituras e estará correndo o risco de negá-la por inteiro.
Aí sou criticado porque uso a fé. Dom imputado de Deus a mim. Sou criticado porque pela fé creio na preservação e na inerrância das escrituras, sou criticado porque pela fé creio no soberano ato divino de eleição daqueles que são seus.
Por isso prefiro o pietismo, por isso prefiro os puritanos, por isso prefiro os calvinistas. Não porque são posições que me agradam mais e sim porque é a posição que combinam mais com o caráter do nosso Deus.
Não nos deixemos levar pelo orgulho tradicionalista, sejamos evangélicos reformados, sejamos crentes de que existe uma sã doutrina, mas que só é alcançada pelo estudo das escrituras.



Soli Deo Gloria, Sola Gratia, Sola Fide, Sola Scriptura, Solo Christo.