segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Em que a lei difere do evangelho?

Este post é uma pequena seção do comentário ao Catecismo de Heidelberg (Questão 92) feito por Zacharias Ursinus.

Autor: Zacharias Ursinus

Tradução: Rafael Nogueira Bello



A exposição desta questão é necessária para uma série de considerações e, especialmente, para que nós possamos ter uma boa compreensão da lei e do evangelho, pois o conhecimento destas diferenças contribuem grandemente. Segundo a definição da lei, que diz, que ela promete recompensas para aqueles que prestam obediência perfeita, e que ela as promete livremente, na medida em que a nenhuma obediência pode ser meritória aos olhos de Deus, parece que ela não difere do evangelho, que também promete vida eterna livremente. No entanto apesar deste acordo aparente, existe uma grande diferença entre a lei e o evangelho. Que diferem,
1. Quanto à revelação de modo peculiar de cada um. A lei é conhecida naturalmente: o evangelho foi divinamente revelado após a queda do homem.
2. Em matéria ou doutrina. A lei declara a justiça de Deus considerada separadamente de sua misericórdia: o evangelho declara a justiça em conexão com sua misericórdia. A lei ensina aquilo que deveríamos ser para que pudéssemos ser salvos: o evangelho nos ensina mais do que isso, ele nos ensina como é que podemos nos tornar como esta lei exige, a saber: pela fé em Cristo.
3. Nas suas condições ou promessas. A lei promete vida eterna e todas as coisas positivas, sob a condição de nossa própria e perfeita justiça e da obediência serem encontradas em nós: o evangelho promete as mesmas bênçãos sob a condição do exercício da fé em Cristo, pela qual abraçamos a obediência na lei e no evangelho, que até o próprio Cristo, realizou para o nosso bem, ou o Evangelho ensina que somos justificados pela fé em Cristo livremente. Com esta fé também está ligada, como que por um vínculo indissolúvel, a condição da nova obediência.
4. Nos seus efeitos. A lei trabalha a ira, e é o ministério da morte: O evangelho é o ministério da vida e do Espírito "(Rom. 4:15, 2 Coríntios. 3:7).

http://homepage.mac.com/shanerosenthal/reformationink/zulg.htm

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Deus ama o mundo todo? Ou Seu amor se limita aos eleitos?


Deus ama o mundo todo? Ou seu amor se limita aos eleitos?

Autor: Ra McLaughlin

Tradução: Rafael Nogueira Bello


Dependendo de como você define “amor”, a resposta pode ser tanto que ele ama a todos quanto que ele ama somente os eleitos, ou até que ele ama somente o Seu povo da aliança. A própria Bíblia usa a palavra “amor” tantas vezes, que é de se esperar esse tipo de ambigüidade.

Um bom lugar para começar a pensar no assunto é Deuteronômio 23.5, onde nos é dito que porque Deus amou Israel, Ele se recusou a amaldiçoá-los. Neste contexto, o amor de Deus foi pelo povo da aliança. O povo da aliança continha, certamente, tanto eleitos (ex: Moisés, Josué, etc) quanto reprovados (cf. Dt 29.4). O fato de Deus amaldiçoar pessoas às vezes, indica Ele nem sempre expressa amor quando está determinando a benção ou a maldição. Assim, nesta passagem nós encontramos Deus amando algumas pessoas que não são eleitas, entretanto não são todos os “não eleitos”. Tendo isto em vista, nós podemos dizer que Deus ama Seu povo da Aliança (ex. a igreja). Por outro lado, a implicação disto é que Deus não ama pessoas fora da comunidade da aliança, pelo menos não do mesmo jeito. Várias passagens do Antigo Testamento falam da amada aliança em termos de aheb (ahab), um verbo comumente traduzido como “amor”, ou chesed, diversas vezes traduzido como, “amor bondoso”, “misericórdia”, “fidelidade”, etc. Este amor faz de Deus especialmente cuidadoso e misericordioso com o povo da aliança, mas não garante a salvação deste. Neste sentido, nós podemos dizer que este é o amor providencial, sendo limitado à interação de Deus e seu governo sobre o mundo, mas não com seus decretos eternos.


Mas também é importante lembrar que Deus está em comunhão com todas as pessoas através das alianças com Adão e Noé, mesmo que Ele não tenha uma aliança especial com eles, como podemos ver no Antigo Testamento, em Israel, no Novo Testamento e na Igreja moderna. Este é um dos porquês podemos dizer que Deus tem um certo amor para com toda a humanidade. Outra razão que podemos citar, é que esse é o Deus criador de toda a humanidade, assim como de todo o mundo. Em certo sentido, Deus ama a toda sua criação e toda a humanidade, apesar de Seu amor “geral” não ser tão grande como o seu amor à gente o pacto. Vemos este amor universal de Deus manifestado na provisão de cuidados a toda humanidade. Por exemplo, em Mateus 5:44-46 Jesus ensinou que devemos amar os nossos inimigos, a fim de ser filhos do Pai. Ou seja, amando os nossos inimigos imitamos Deus. O exemplo que Jesus deu do amor de Deus sobre os ímpios, foi que Deus envia chuva até sobre as plantações dos perversos. De um modo semelhante, Jesus encorajou-nos a orar por nossos inimigos. Ambos são exemplos de um tipo de amor que não é tão grande como o amor do pacto que vemos noutros locais, mas que ainda assim trás dores ao gentil, atencioso e paciente. Não existem tantos exemplos desse tipo de amor na Bíblia como existe amor da aliança. Tal como amor da aliança, esse amor é providencial e não assegura a salvação para esses “amados”.

O terceiro tipo de amor é aquele que poderíamos chamar de “amor eletivo”, e também está relacionado ao amor da aliança, pois ele é o amor que o Pai e o Filho, expressam em sua eterna promessa da redenção em que eles concordaram em predestinar e salvar aqueles de nós que, como resultado, são eleitos. Isto é amor "em Cristo". Ou seja, é o amor de Deus para com o próprio Cristo, que estende-se a nós só se nós pertencermos a Cristo e estivermos unidos a ele, ou se estamos predestinados a nos unir a ele. Existem muitos exemplos deste tipo de amor no Novo Testamento. Um bom exemplo pode ser encontrado em Efésios 1:3-6 (cf. Rom. 8:38-39). Na referida passagem, Paulo explica que Deus escolheu os eleitos antes da fundação do mundo por causa de seu amor por eles em Cristo. Ao contrário dos outros dois tipos de amor, que são providenciais, esse amor é eterno, porque transcende a governaça de Deus e da criação e estende-se no domínio de seus decretos salvíficos. Por que este é o amor para com o próprio Cristo, é que ele é muito maior do que amor da aliança (ou do pacto) e o amor universal. E porque ele se estende a nós somente pela força da nossa união com Cristo, que é este o amor que Deus tem somente com os eleitos. Este amor não falha em salvar aqueles que são tão amados. Nós encontramos uma afirmação pouco explícita destas explicações, em 1 João 3:16. Lá, João ensinou que sabemos o que é amor, porque Cristo deu Sua vida por nós (supondo a expiação limitada, isto seria suficiente para provar a existência do amor especial de Deus para com os eleitos). E João ofereceu a seguinte aplicação baseada neste fato: Cristãos deveriam dar suas vidas por outros cristãos. Ou seja, os cristãos deveriam manifestar o mesmo amor que Cristo manifestou, amando as pessoas, da mesma forma. Amando só cristãos desta maneira indica que Jesus e o Pai amam só cristãos (ex. elegem) desta maneira.


http://www.thirdmill.org/answers/answer.asp/category/th/file/99737.qna

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O que é um Fundamentalista (Ideal)?

Por Kevin T. Bauder

1) Fundamentalistas reconhecem que todas as doutrinas são importantes. Se a Bíblia ensina, vale a pena estudar e conhecer. Se Deus disse isto, o mesmo merece nossa cuidadosa atenção.

(2) Fundamentalistas afirmam que algumas doutrinas são mais importantes do que outras. Nem todo ensino da Bíblia é de igual alcance em seus efeitos. Enquanto todos são importantes, alguns estão mais ao centro enquanto outros se encontram na periferia da fé cristã.

(3) Fundamentalistas insistem que algumas doutrinas são tão importantes que são essenciais ao evangelho em si. Negar estas doutrinas é (pelo menos implicitamente) negar o evangelho. Negar o evangelho é transformar o cristianismo em alguma outra religião. Essas doutrinas essenciais estão no miolo, no centro, da fé cristã. Elas são o mínimo irredutível sem o qual não pode existir cristianismo.

(4) Fundamentalistas crêem que comunhão cristã é definida pelo próprio evangelho. Aqueles que negam o evangelho não devem ser reconhecidos como cristãos. Aqueles que negam o evangelho, ao condenar alguma doutrina essencial, não estão aptos para a comunhão cristã. Com tais pessoas, nenhuma comunhão cristã existe. Fingir que podemos desfrutar de comunhão cristã com tais pessoas é tão-somente ser hipócrita. Estender o reconhecimento cristão – particularmente reconhecer como líderes cristãos – a tais pessoas é desprezar o evangelho e enganar o povo de Deus.

(5) Fundamentalistas insistem que irmãos que desprezam o evangelho e enganam o povo de Deus são culpados de grave erro e deveriam ser removidos da posição de liderança cristã. Se tais pessoas não podem ser removidas da liderança , ainda assim os cristãos bíblicos tem a obrigação de não endossar ou apoiar as pessoas, organizações, e atividades que obscurecem a importância do evangelho e enganam o povo cristão, mas ao invés disto reprovar os tais.