sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Deus ama o mundo todo? Ou Seu amor se limita aos eleitos?


Deus ama o mundo todo? Ou seu amor se limita aos eleitos?

Autor: Ra McLaughlin

Tradução: Rafael Nogueira Bello


Dependendo de como você define “amor”, a resposta pode ser tanto que ele ama a todos quanto que ele ama somente os eleitos, ou até que ele ama somente o Seu povo da aliança. A própria Bíblia usa a palavra “amor” tantas vezes, que é de se esperar esse tipo de ambigüidade.

Um bom lugar para começar a pensar no assunto é Deuteronômio 23.5, onde nos é dito que porque Deus amou Israel, Ele se recusou a amaldiçoá-los. Neste contexto, o amor de Deus foi pelo povo da aliança. O povo da aliança continha, certamente, tanto eleitos (ex: Moisés, Josué, etc) quanto reprovados (cf. Dt 29.4). O fato de Deus amaldiçoar pessoas às vezes, indica Ele nem sempre expressa amor quando está determinando a benção ou a maldição. Assim, nesta passagem nós encontramos Deus amando algumas pessoas que não são eleitas, entretanto não são todos os “não eleitos”. Tendo isto em vista, nós podemos dizer que Deus ama Seu povo da Aliança (ex. a igreja). Por outro lado, a implicação disto é que Deus não ama pessoas fora da comunidade da aliança, pelo menos não do mesmo jeito. Várias passagens do Antigo Testamento falam da amada aliança em termos de aheb (ahab), um verbo comumente traduzido como “amor”, ou chesed, diversas vezes traduzido como, “amor bondoso”, “misericórdia”, “fidelidade”, etc. Este amor faz de Deus especialmente cuidadoso e misericordioso com o povo da aliança, mas não garante a salvação deste. Neste sentido, nós podemos dizer que este é o amor providencial, sendo limitado à interação de Deus e seu governo sobre o mundo, mas não com seus decretos eternos.


Mas também é importante lembrar que Deus está em comunhão com todas as pessoas através das alianças com Adão e Noé, mesmo que Ele não tenha uma aliança especial com eles, como podemos ver no Antigo Testamento, em Israel, no Novo Testamento e na Igreja moderna. Este é um dos porquês podemos dizer que Deus tem um certo amor para com toda a humanidade. Outra razão que podemos citar, é que esse é o Deus criador de toda a humanidade, assim como de todo o mundo. Em certo sentido, Deus ama a toda sua criação e toda a humanidade, apesar de Seu amor “geral” não ser tão grande como o seu amor à gente o pacto. Vemos este amor universal de Deus manifestado na provisão de cuidados a toda humanidade. Por exemplo, em Mateus 5:44-46 Jesus ensinou que devemos amar os nossos inimigos, a fim de ser filhos do Pai. Ou seja, amando os nossos inimigos imitamos Deus. O exemplo que Jesus deu do amor de Deus sobre os ímpios, foi que Deus envia chuva até sobre as plantações dos perversos. De um modo semelhante, Jesus encorajou-nos a orar por nossos inimigos. Ambos são exemplos de um tipo de amor que não é tão grande como o amor do pacto que vemos noutros locais, mas que ainda assim trás dores ao gentil, atencioso e paciente. Não existem tantos exemplos desse tipo de amor na Bíblia como existe amor da aliança. Tal como amor da aliança, esse amor é providencial e não assegura a salvação para esses “amados”.

O terceiro tipo de amor é aquele que poderíamos chamar de “amor eletivo”, e também está relacionado ao amor da aliança, pois ele é o amor que o Pai e o Filho, expressam em sua eterna promessa da redenção em que eles concordaram em predestinar e salvar aqueles de nós que, como resultado, são eleitos. Isto é amor "em Cristo". Ou seja, é o amor de Deus para com o próprio Cristo, que estende-se a nós só se nós pertencermos a Cristo e estivermos unidos a ele, ou se estamos predestinados a nos unir a ele. Existem muitos exemplos deste tipo de amor no Novo Testamento. Um bom exemplo pode ser encontrado em Efésios 1:3-6 (cf. Rom. 8:38-39). Na referida passagem, Paulo explica que Deus escolheu os eleitos antes da fundação do mundo por causa de seu amor por eles em Cristo. Ao contrário dos outros dois tipos de amor, que são providenciais, esse amor é eterno, porque transcende a governaça de Deus e da criação e estende-se no domínio de seus decretos salvíficos. Por que este é o amor para com o próprio Cristo, é que ele é muito maior do que amor da aliança (ou do pacto) e o amor universal. E porque ele se estende a nós somente pela força da nossa união com Cristo, que é este o amor que Deus tem somente com os eleitos. Este amor não falha em salvar aqueles que são tão amados. Nós encontramos uma afirmação pouco explícita destas explicações, em 1 João 3:16. Lá, João ensinou que sabemos o que é amor, porque Cristo deu Sua vida por nós (supondo a expiação limitada, isto seria suficiente para provar a existência do amor especial de Deus para com os eleitos). E João ofereceu a seguinte aplicação baseada neste fato: Cristãos deveriam dar suas vidas por outros cristãos. Ou seja, os cristãos deveriam manifestar o mesmo amor que Cristo manifestou, amando as pessoas, da mesma forma. Amando só cristãos desta maneira indica que Jesus e o Pai amam só cristãos (ex. elegem) desta maneira.


http://www.thirdmill.org/answers/answer.asp/category/th/file/99737.qna

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